GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE CENTRO DE OPERAÇÕES DE EMERGÊNCIA EM SAÚDE SR. GOVERNADOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA
O presente requerimento é direcionado a este Centro de
Operações de Emergência, com fulcro no art. 6º do Decreto 515/2020¹ do Governo
do Estado de Santa Catarina, diante da competência fixada pelo Governo do
Estado para tratar das “situações especiais” vividas por esta atividade
econômica, social e esportiva que é o “Futebol Profissional Catarinense”.
O RETORNO DO FUTEBOL AO REDOR DO MUNDO. PRINCIPAIS PRÁTICAS
É crescente o movimento para retorno das atividades
esportivas, desde que observados os respectivos protocolos médicos que confiram
segurança a este retorno a atletas e demais envolvidos nas competições. Na
Europa, os estudos vêm sendo realizados com dois vieses em mente: 1) a
segurança dos atletas e dos prestadores de serviços; 2) a manutenção dos
contratos comerciais de transmissão das partidas. Recentemente, foi noticiada a
linha de atuação da UEFA está seguindo para a liberação das competições
esportivas,
Colhe-se, nos exemplos Europeus listados anteriormente,
assim como nos exemplos Brasileiros, alguns pontos em comum: a) competições sem
público nos estádios; b) treinamentos em pequenos grupos, podendo ocorrer em
horários diferentes uns grupos dos outros; c) medição constante de temperatura
dos atletas: temperatura verificada já na chegada do atleta ao clube, muitas
vezes no próprio automóvel; d) condições para o uso de instalações nos clubes:
criação de corredores seguros, constantemente desinfetados; limite de ocupação
simultâneas de atletas em espações como vestiários, academias e consultórios
médicos; e) tratamento médico e fisioterapia: realização de contato entre
profissionais e atletas sem conversas, mediante uso de luvas e máscaras.
Higienização do local após o uso; f) exaustiva realização de testes virais nos
atletas, comissão técnica e pessoal de apoio. A partir dos elementos coletados
a nível internacional e em outros Estados da Federação, os clubes de Santa
Catarina, liderados pelo Dr. Luis Fernando Funchal, desenvolveram seu próprio
protocolo, com ênfase na realidade do esporte local e sempre com a premissa de
garantir a saúde dos atletas e demais partes envolvidas. O protocolo está sendo
entregue de forma anexa ao presente requerimento a fim de embasar a análise
realizada pelo Governo do Estado de Santa Catarina.
Santa Catarina é um dos Estados que está colhendo os
melhores resultados no trabalho de prevenção a COVID-19 em todo o Brasil, sem
perder de vista o retorno da atividade econômica, tão importante para a vida
das pessoas e tão solicitada pelas entidades empresariais. O retorno do
principal evento esportivo do Estado de Santa Catarina carregaria um enorme
valor simbólico deste retorno: traz forte mensagem à população de que nem o
medo e nem a valentia devem imperar neste momento. Que é a ciência a principal
aliada das pessoas nas atitudes preventivas tão necessárias neste momento. A
Federação Catarinense de Futebol e a Associação de Clubes, tendo em vista a
enorme penetração em todas as camadas da sociedade, colocam-se como os grandes
parceiros divulgadores desta mensagem em toda a grade de programação dos
eventos a serem transmitidos. O Estado de Santa Catarina, tem a chance de
apresentar a primeira legislação regulamentadora deste retorno dentro todos os
Estados da Federação.
PEDIDO
Diante dos elementos trazidos neste requerimento, é que a
Federação Catarinense de Futebol e os Clubes de Futebol de Santa Catarina
solicitam:
I - A instauração de um canal institucional e formal
de comunicação com o Governo do Estado, por meio deste Centro de Operações em
Emergências de Saúde, que possa receber, analisar, contribuir e validar os
subsídios trazidos por esta associação, em especial o “Guia Médico de sugestões
protetivas na Retomada Progressiva do Futebol Profissional de Santa Catarina de
forma Segura”, formulado pelo corpo médico dos clubes associados; formado por
uma comissão temporária de médicos, advogados e administradores.
II - A edição de norma dentre os Estados a regulamentar um
calendário de retomada esportiva, a partir dos protocolos já exaustivamente
estudados por médicos e demais especialistas no Brasil e no mundo,
regulamentando critérios de treinamento de atletas, instalações esportivas,
controle preventivos, realização de jogos oficiais, transportes e hospedagem,
tanto de atletas quanto do staff envolvido indiretamente nas competições.
III - O Retorno dos treinamentos a partir de 01.05.20
e possível reinicio do campeonato a partir de 16/05/2020, conforme plano
detalhado no Guia Médico em anexo, a fim de garantir que as datas estaduais não
entrem em choque com as datas das competições nacionais a partir de Junho e que
é jogado por 8 dos clubes que disputam o Campeonato Estadual.
FASE 1
Retornar progressivamente aos treinos: sugerimos a tomada de
medidas de três fases de adaptação para garantir que os jogadores sejam capazes
de jogar os 90 minutos e disputar os seus jogos na melhor condição física,
incorrendo no menor risco possível de lesões e da maior performance desportiva.
Um fato fundamental é retomar treinos específicos e efetivos da modalidade,
algo que é praticamente impossível de forma isolada, mesmo nas modalidades já
adaptadas por muitos clubes e atletas em suas residências. Considera-se
fundamental criar condições para uma reintrodução progressiva dos jogadores aos
treinos, só assim sendo possível uma preparação física e mental condizente com
o regresso à competição. Nesta 1ª fase sugere-se um processo lento com treinos
individualizados no campo, de uma forma segura com um risco muito baixo de
contágio. Teríamos de dividir em grupos pequenos de atletas para ocuparem um
determinado espaço com distanciamento seguro. Nesta fase, os jogadores
começarão a realizar treinos mais exigentes em termos físicos (e mais próximos
daquilo que são necessários para prática do futebol profissional), sendo
possível uma melhor monitorização da sua carga externa e interna, com o
objetivo de tentar aproximar às cargas crônicas pré-pandemia. Também nesta fase
que os jogadores voltam a ter um contato mais efetivo com a bola e com aspetos
cognitivos importantes do jogo (dimensões do campo, orientação
espacial/temporal, posicionamento, etc). Para que esta fase possa ocorrer de
forma segura, sugere-se, na próxima página, um conjunto de medidas para tornar
o ambiente de baixo risco.
FASE 2
Essa fase do processo de retorno à competição corresponde ao
início dos treinos com contato e trabalhos de situação de jogo. Antes desta
fase deve ser definido qual o staff que irá estar em contato direto com os
jogadores e poderá haver nova triagem de sintomas para todos os jogadores,
staff e a todos os que vivem com estes. Todos os jogadores e staff próximo do
jogador poderão realizar, novamente, testes para o Codiv-19 e no caso de um
teste positivo devem seguir os trâmites normais já pré-definidos. Cabe
ressaltar que estes testes serão apenas para os indivíduos que testarem
negativo na primeira coleta. Logicamente os indivíduos positivos IgG estarão
imunizados e não necessitarão repetir os exames, a não ser se desenvolverem
processos infecciosos compatíveis com processos gripais suspeitos. Apesar da
“normalidade” dos treinos, devem-se manter as medidas rígidas que são sugeridas
anteriormente, medidas estas que deverão durar como prática normal, até segunda
ordem.
FASE 3
Neste retorno progressivo aos treinos, possivelmente os
jogadores e staff já estarão mais preparados, física e mentalmente, para o
retorno de competição. Como medida preventiva e com a finalidade de preservar
ao máximo os riscos de saúde a todos, os jogos, inicialmente, devem ser
realizados numa primeira fase com portas fechadas, sem público, para garantir a
contenção social. É importantíssimo que o staff, de acompanhamento das equipes
nos dias de jogo, restrinjam-se ao indispensável para a realização do mesmo.
Restringindo nestas delegações, o mínimo necessário, sugerindo conterem somente
pessoas sem nenhum tipo de comorbidades clínicas, que possam ser sugestivas de
agravamento pela infecção do COVID-19 e indivíduos menores de 60 anos. Algumas
das medidas implementadas nesta fase devem manter mesmo após o período subsequente
à recuperação da pandemia. Principalmente no que tange as práticas de
higienização que visem prevenir uma situação semelhantes e reativação futuras.
FASE 4
Nos jogos fora de casa, as viagens, se possível devem ser
realizadas no próprio dia do jogo (o que deverá ser tido em conta na definição
dos horários dos jogos). Nas viagens de ônibus, esses devem ser exclusivos e
apenas, para os jogadores/staff do jogo. Os outros jogadores para essa viagem,
que também sejam indispensáveis, deverão se deslocar em outro ônibus. Cada
jogador, que viaje no ônibus, deve sentar-se sozinho em poltrona dupla e
utilizando uma máscara por todo o trajeto. Evitar ao máximo conversas. O ônibus
deve ser sempre previamente higienizado corretamente e de acordo com as normas
das autoridades de saúde (principalmente bancos e áreas que se possam
agarrar/pegar) e não deverá haver, nenhum contato com o motorista, que deverá
utilizar máscara durante toda a viagem. De preferência devem ser utilizados
ônibus com saída e entrada independentes para os passageiros e o motorista.
Este último não deve ter nenhum contato físico ou verbal com os passageiros e
nenhum contato físico com o material transportado pela equipe. Os jogadores,
staff e motorista devem viajar de máscara, sendo recomendado sua utilização,
obrigatória, durante a entrada e saída, no estádio, hotel e paradas
obrigatórias e/ou entre outros locais. Deve existir sempre desinfetante (álcool
em gel) dentro do ônibus à disposição de quem viajar. Uma parada, se
necessária, deve ocorrer num ambiente previamente conhecido com uma estação de
serviço, adequada e possivelmente bem higienizada. Os jogadores e staff devem
evitar aglomerados de pessoas. Antes do início da viagem de ônibus, na parada e
no final da viagem, os jogadores e staff devem lavar as mãos e realizar
higienização com álcool em gel. No hotel (hotéis preparados para o efeito, com
formação de todo o staff das medidas de desinfeção, circulação, confecção e
apresentação da comida, entre outras), é recomendável uso de quartos
individuais para todos e manter, independentemente disso, todas as medidas de
higiene já descritas. Todos devem evitar o uso de elevador, utilizado as
escadas como alternativa (sem tocar no corrimão). Tanto na viagem como no hotel
deve ser evitado o uso de ar-condicionado, especialmente se sem filtro HEPA. As
refeições no hotel devem ser realizadas em espaços arejados e os jogadores e
staff devem comer em mesas com o menor número de pessoas e maior distanciamento
possível. Devem ser evitadas conversas desnecessárias. Devem ser evitados
contatos próximos com funcionários do hotel e com outros hóspedes, tanto por
jogadores como por elementos do staff. O funcionário do hotel, que tenha
contato com a equipe, deve, preferencialmente, usar máscaras. Para equipes que
viagem de avião, devem evitar aglomerados de pessoas nos aeroportos, evitar
sentarem-se nos bancos dos aeroportos, evitar tocar em superfícies, lavar as
mãos com regularidade e é recomendado viajar de máscara (responsável médico
deve ensinar a colocar e a retirar). Também aqui é ideal que a delegação viaje
sempre acompanhada por desinfetante (< 100mL) para que os elementos da
comitiva possam higienizar periodicamente as mãos tantas vezes quando forem
necessárias. É importante lembrar que as viagens de avião podem ser
necessárias, e devemos seguir as recomendações da ANAC.
DA ORGANIZAÇÃO DE JOGO
Nos dias de jogos devem, preferencialmente, ser criados
circuitos de acesso diferenciados para jogadores/staff e demais elementos por
forma a evitar o contato. Estes trajetos devem estar muito bem sinalizados e
preferencialmente com fluxo único de entrada e outro independente para saída.
Não deve haver confronto de fluxo. Será impreterível que os Clubes se organizem
nesta rotina para evitar o máximo o contato de indivíduos alheios as equipes.
Adquirir vários desinfetantes de mãos para serem colocados em diversos locais
das instalações do clube de fácil e visível acesso. Adquirir termômetros de
medição rápida e precisa e oxímetro, que deverão realizar medidas nos atletas
de cada delegação e arbitragem. A medição será realizada por termômetro
infravermelho ou termografia. Cada equipe terá seu responsável por esta medição
e reportar a inexistência de jogadores febris ao delegado do jogo. Assinando
compromisso com a verdade. Na aferição da temperatura da equipe de arbitragem,
será realizada pelo responsável da equipe da casa e o mesmo fará o relato ao
delegado do jogo com assinatura de compromisso com a verdade. Na existência de
qualquer indivíduo febril (acima 37,5 graus), o mesmo será excluído da
participação do evento e encaminhado diretamente para sua residência em veículo
individual ou no caso de delegações, em confinamento com máscara e isolado do
grupo. Adquirir kits de testes para o COVID-19 (os de PCR e sorológicos).
Preferencialmente os testes imunológicos rápidos para o teste de todos os
participantes diretos do evento. No caso do participante febril, o mesmo deverá
realizar o teste mesmo estando fora da atividade, para documentação
epidemiológica. Da imprensa escrita, radiofônica ou televisiva, deverá ser
autorizado o mínimo possível para realização adequada da atividade da imprensa,
desde que realizem o teste rápido e apresentem resultado negativo ou positivo.
Das coletivas pós jogo, serão realizadas sem a presença de jornalistas, para
diminuir o número de pessoas contratantes. Mas as perguntas serão realizadas
pelos assessores de imprensa de cada equipe, com perguntas recebidas
previamente, nomeando o jornalista e sua empresa de comunicação, utilizando
meios de comunicação tipo WhatsApp ou MSM para o contato com o assessor de
imprensa. Máscaras e luvas suficientes para Staff e jogadores e outros
elementos do Clube.
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