Este, amigos e amigas, é um velho ditado:
"Assim como são as pessoas são as criaturas". Hoje quase não ouço
alguém dizê-lo, mas garanto-lhes que ele está sempre atual. Não é dos mais
bonitos, dos mais intelectualizados, dos mais espirituosos, porém carrega uma
mensagem forte, quase invisível, e é verdadeiro demais.
Você pensa que conhece algumas pessoas, convive
com elas anos e anos seguidos, seja apenas em relacionamento de amizade, seja
como parentesco, ou seja lá como for, e de repente um fato, apenas um fato que
a vida concretiza a certo momento de nossa existência desnuda o caráter, a
formação moral, a educação, enfim, de certas pessoas.
Curiosamente você já poderia até ter uma idéia
formada sobre algumas e, por esta ou aquela razão, costumava eventualmente pôr
um pé à frente e outro atrás, todavia jamais tivera alguma daquelas decepções
que, pelo declarado aspecto agressivo, ou interesseiro, ou mexeriqueiro, ou de
traição, etc, as definisse como "personas non gratas"
e sugerisse a necessidade de um afastamento definitivo. Isto, antes do fato.
Outros e/ou outras, talvez jamais tivessem
apresentado evidências de não merecer a sua amizade, a sua dedicação, o seu
carinho, durante todo um viver. Mas, aí ocorre o tal fato, o fato que muda
muito na sua vida, principalmente, mas talvez também na de outros e outras mais
próximos de você. Seria o momento da solidariedade falar alto. Solidariedade em
ambos os sentidos, pelo menos você entenderia assim.
Para mais uns tantos que eram de sua relação de
amigos e amigas, o fato pode não ser tão doído, apenas marque, digamos, uma
ausência que poderá até ser sentida, por eles e elas, mas que nada altera em
suas vidas. Na sua sim, pode ser que você tenha que tomar o leme com determinação,
enfrentar a tormenta emocional, vencer as ondas que ameaçam engolir o seu
futuro com a tortura do passado e o desencanto do presente.
Por outro lado, você percebe que alguns braços e
mentes que sempre estiveram ao seu lado ali continuam, silenciosos, mas sempre
atentos, sempre prontos ao socorro imediato, àquele que se torna necessário
quando você quase sucumbe, quase naufraga em emoções que parecem mais fortes
que você. Quando o fato ameaça derrotá-lo, por exemplo.
E no pior dos momentos essas pessoas lançam-lhe
uma bóia, ou uma corda, o amparam enfim com a palavra amiga e necessária, quase
vital, com o amor que cresce na dor, no sofrimento, que sempre estivera
presente, ao seu lado, mas que antes, talvez, pouco fora notado. Esses
permanecem, não se furtam em ajudá-lo, não medem esforços para reconduzi-lo à
felicidade que tenta reencontrar em sua sobrevida.
De qualquer forma é inevitável você também
acumular decepções, colecionar desgostos, sentir a desilusão maior quando a
realidade o coloca frente à frente com outras pessoas antes dóceis, antes
companheiras, antes solidárias. Antes, porque agora existe a ausência do que o
fato apagou, do que o tempo levou.
Você sempre acreditara que a amizade, o carinho,
o respeito por você recebido e por você retribuído seria para sempre. Você
acreditara, sim, mas, assim como são as pessoas... Pois é, o fato acontece e
você logo começa a sentir o amargo sabor da desilusão. Só lhe resta lamentar e
conviver com a nova situação.
Para esses ou essas, ainda assim você sente
dificuldade em acreditar, em aceitar a mudança de atitude. Para outros que já
indicavam, antes do fato, mais interesse do que amizade, bom, para esses você
até contém sua surpresa porque, digamos, de certa forma você já estava mais do
que avisado, até pela maneira de ser deles e delas, mas você apenas deixava a
vida seguir.
O importante, entretanto, é você perceber que,
apesar dos pesares, você não está só. E sente que não conta mais apenas com uma
só palavra amiga, com apenas um ombro amigo, ou alguns sorrisos confortantes,
não.
Agora você sente pulsar ao seu lado corações que
sofreram junto com você, que nunca se afastaram na dor ou na angústia maior e
que, podendo menos, sempre procuraram dar o máximo de sua amizade, de sua
lealdade. Reconheça-os para sempre, valorize-os e seja feliz nesta
solidariedade.
Texto do poeta Francisco Simões. (Agosto/2005)
Com certeza, quem é do bem e do mal tb(arghhh) ...entenderá!!
Perfeito!
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